13 de dez. de 2010

Despedida.

- Vai embora! Assim, você começa a aprender a viver sem mim!
- Clara, não! Não me faz perder você, antes de você ir embora.
Clara, tentava ao máximo não se render ao pedido de Erick, afinal, ela fazia isso pro bem dele, pra ele não sofrer, ele nem imaginava o quão triste foi assinar aquele contrato e como foi difícil se despedir do homem da sua vida. Mas além de tudo isso, ela teria de ser cruel, senão, João nunca sairia de sua vida.
- Erick, por favor! Me solta! – em seus pensamentos rezava para que ele a obedecesse, mas ele lutaria até o fim pra passar mais tempo com sua namorada.
- Clara, minha menina! Por favor, você ainda tem três meses no Brasil, fica comigo nesse tempo.
- Erick, eu já disse que não! – empurra o menino e sai correndo sem olhar pra trás, com a primeira lágrima começando a molhar sua bochecha esquerda.
            Erick não agüenta, não entende tudo isso. Ele quer que ela siga seu sonho, mas não admite um distanciamento antes do tempo, afinal, ela o ama ou não? Com essa pergunta, perturbando-lhe a mente, sai correndo desesperado atrás da menina, quando dá por si, está segurando o braço direito da menina com muita força.
            - Ai!
            - Me fala, olhando nos meus olhos que você nunca me amou?
            - Larga o meu braço, você ta me machucando! – desviando os olhos daquele olhar que só buscava amor, carinho e certezas.
            O rapaz solta seu braço, mas a abraça, ajeita o cabelo da moça que se derrama em lágrimas vergonhosas.
            - Por que, Clara? Por que você quer desistir de ser minha menina assim? Eu vou te esperar, eu... – Clara, coloca a mão na boca do namorado, impedindo-o de realizar promessas impensadas.
            - Porque eu te amo, menino! Eu não quero te fazer sofrer, eu quero te ver feliz!
            - Como eu vou ser feliz com a minha menina, a mulher da minha vida indo embora? E além disso, querendo me privar dos últimos momentos com ela. – choros, afagos e consolos de ambos.
            - Eu não quero te machucar, eu queria que você se acostumasse com a minha ausência. Mas eu volto, para de falar como se eu estivesse morrendo.
            - Não ouse tocar nessa palavra.
            - Eu te amo, Menino.
            - Eu te amo, Menina.
            Foram três meses sem um se desgrudar do outro, Erick ficava muito feliz por Clara ter conseguido o seu sonho e ter tido coragem de deixar tudo pra ir morar fora do país, sozinha. Clara começava realizar seu sonho de criança, era tão mágico isso pra ela, mas por que tinha que ser logo agora que encontraste o homem da sua vida? Por que as coisas na vida dela não acontecem uma de cada fez?
            Estava terminando suas malas quando sua avó avisa que Erick chegou, era o dia da viagem e eles preparam uma despedida, um escondido do outro. Por mais que repetisse para si mesmo e para o namorado o quanto o amava e que ela voltaria logo, aquele aperto, aquela sensação de perda eterna a dominava.
            - Mãe, to indo com o Rick! A gente se vê no aeroporto!
            No carro, ele a levava para a viagem que mudaria a vida dos dois de uma maneira drástica e súbita. Porém, ambos não tinham a dimensão do que o futuro lhes proporcionava.
            - Prefiro terminar logo com isso, to quase tendo um treco aqui, juro não dá! – os dois riem do desabafo dela.
            - Tudo bem! Eu fiz algo pra você – pega um embrulho – Espero que você goste, é pra você nunca se esquecer de mim.
            - Me promete uma coisa? – ele aceita com um gesto – Promete que daqui uns anos você vai contar pros seus filhos quem eu sou, quem eu fui?
            - Com certeza eu conto pra eles quem é a mãe deles.
            - Rick, você é lindo demais, eu te amo. – acaricia o rosto do amado, buscando registrar aquele rosto pela última vez – posso pedir outra promessa então?
            - Isso já ta virando abuso. – a garota ri sem graça – To brincando, pode pedir você sabe que eu vou prometer tudo. – beija a menina.
            - Promete que você segue sua vida? Constrói algo sem mim, casa-se, tem filhos? – nesse momento o garoto repete aquele gesto de impedi-la de falar, como ela lhe havia feito naquele dia.
            - Para! Vou fingir que você me pediu isso, eu nunca, nunquinha faria isso!
            - Mas Rick...
            - Shhhiiii! – Abra!
            Na caixa havia fotos, cartas, recordações daqueles 1 ano e 8 meses de namoro. As lágrimas insistiram em correr sobre o rosto da garota, o menino se guardou suas emoções e enxugou as lágrimas da amada. Beijou-a suavemente.
            - Essa aqui você leia no avião, ta?
            - Fica com o ursinho, vai! – aquele presente bobo que ela insistia em dizer que era a cópia do namorado não podia ficar com ela.
            - Não! Me devolva quando você voltar, deixe na sua cama. – a garota obedece, guarda tudo e tira da bolsa um envelope.
            - Abra depois... – seu telefone toca, era sua mãe avisando que já tava na hora de sair do carro e ir se despedir das outras pessoas – Precisamos ir.
            Ambos saem do carro inconsoláveis, com uma tristeza no olhar mas continuam caminhando. Quando chegam no local determinado, avistam muitas pessoas, algumas vão abraçar Clara, outras apenas olham e comentam baixinho com alguém ao lado.
            Clara inicia um dos momentos mais conflituantes de sua vida. A despedida. Despede-se dos amigos, deixando aqueles que a saudade gritarão mais por último. Depois a família, seus afilhados. E, por último, Erick. Porém, quando foi abraçá-lo, viu lágrimas correr daqueles olhos verdes.
            - Um homem chorando feito uma criança de colo? Como assim? – o abraçou e sussurrou em seu ouvido: Não faz isso comigo, por favor! Assim eu não tenho coragem de ir embora.
            Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, tentando ver os detalhes daqueles olhos perfeitos pela última vez. A garota, retira a aliança de sua mão e depois da mão dele, segura as duas na mão esquerda. Erick e toda a “platéia” olham a ação sem entender nada.
            - O que você ta fazendo Clara? – a garota vira de costas, ajeita o cabelo.
            - Tira a minha corrente, me dá agora!
            Coloca as alianças junto com a corrente, fecha-a. E, segurando o pingente de bailarina diz:
            - Cuida de mim! – segura as alianças – E, cuida da gente! Só me devolva isso quando eu voltar! Nunca esqueça que eu te amo, muito mais do que um dia eu pensei que era capaz.
            Se beijam e a garota sai em direção ao vôo.

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