20 de set. de 2010

Cover


Meio dia em ponto. Correndo como sempre. Carros, carros. Faixa de pedestre. Farol Vermelho. Espera. Pensamentos inúteis: "eu não preciso correr, vou aproveitar a brisa seca e poluída de São Paulo". O farol abre, do outro lado da rua avisto uma figura um tanto quanto excêntrica. Segurei a vontade de rir. Entrei no banco. Resolvi as questões burocráticas e entediosas dessa vida pós-pós-moderna. Então, voltei ao farol. Nada meus olhos conseguiu captar. Vultos, carros, pessoas...
"ADVOGADO CRIMINALISTA blah blah blah..."
Peguei o tal papel e soltei um "obrigada" num tom tão agudo que nem uma criança de 5 anos alcançaria. Dobrei o tal papel algumas vezes. Atravessei a rua. Ao pisar na calçada sinto uma mão em meu ombro esquerdo. Virei imediatamente e, pela reação do outro, com uma feição assustadora. Sim, eu pensei em assalto. Afinal, não vivem expondo os perigos dessa cidade para a minha pessoa? Fitei-o. Já tinha visto essa imagem na vida. Não tive tempo de checar os arquivos da minha memória.
- Você gosta de música, né?
Não consegui pensar. Muito menos responder a pergunta. Apenas, percebi que aquele cara era a tal figura excêntrica avistada anteriormente.
- Então, eu tenho uma banda. Eu sou cover do Axl Rose. Tá aqui meu msn, me adiciona lá, a gente conversa pra você ir em um show!
Eu não lembro o que respondi, ou se respondi. Eu sei que eu me peguei rindo muito no resto do caminho. O papel? Continua dobrado dentro do bolso da minha calça jeans, como lembrança do dia que o "Axl Rose" falou comigo.

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